Como se inscreve, na cena contemporânea, a ideia de uma lírica brasileira? Este é o questionamento levantado pelo projeto PoeticOIA, agora em seu segundo volume. A intenção, aqui, não é asseverar dessemelhanças, mas buscar, por meio de múltiplos discursos poéticos, possibilidades para apontamentos de uma poesia genuinamente nacional, enriquecida por sua forma heterogênea em ser cantada. Diz-se da prosa pertencer ao mundo, enquanto a poesia pertence ao “eu”. Ainda assim é um “eu” em constante movimento e interação com o mundo cercando oito poetas aqui presentes. A forma sob a qual estes e estas interpretam suas exterioridades, traduz toda a fragmentação de um cenário em perene mudança, enraizada nas vivências individuais, seja através do sublime ou através do mais simples – jamais simplório – dos atos. Pois se a poesia realmente pertence ao “eu”, e indivíduos jamais sendo seres unos ou uniformes, cada poeta aqui é um pedaço de multiplicidade estética e possibilidade de variadas interpretações do mundo, e numa delas você, leitora e leitor, se identificará. Talvez até mesmo em todas, por que não? Ciente disso, a OIA Editora reafirma seu papel de divulgadora das letras contemporâneas, reunindo poetas de localidades diversas, interessadas e interessados em reproduzir suas visões, tão distintas, através de renovações estilísticas. Há quem nos traga marca de oralidades mais acentuadas, ou a dissolução do erudito sobre o popular, bem como o movimento diametralmente inverso – a elevação do popular ao erudito –, e ainda a preocupação da marca rítmica através da composição gráfica. Em comum, inquietações. A constante insatisfação do “eu” em seu lugar no mundo, este, por sua vez, muitas vezes hostil a formas de existir em resistência. Um outro ponto em comum, a língua brasileira. Enriquecida pelas nuances culturais deste vasto território-corpo a atravessar olhares chamado Brasil, único cenário possível para as poeticidades aqui presentes.