SINFONIA DE PÉTALAS MOLHADAS A ESFARELAR PERFUMES MEMORIAIS
 
Cruviana é festa alegria e luto, Jovina Benigno dá o tom e a poesia pulsa, pula, bamboleia.
Orquestras memoriais, pétalas esfarelando, perfumes poéticos!
Os versos velam, versos mortos, movem remembranças, ruínas líricas.
A poeta esculpe na carne, risca, corta, dilacera, sepulta!
Não aceita o silêncio!
Inscreve, talha, tatua a nossa pele.
Mergulhamos em seus igarapés que berram diante das injustiças do mundo, o catador cata a vida, resiste ao descaso, o horror mora no fascismo!
Jovina atenta ao seu tempo veste o poema com as máscaras, protegendo da peste volátil que contaminou o mundo. A foice que dizima o futuro.
Repare:  mancebo acervo da primeira dor/ jaz empalhado.
Repare:  Almas mortuosas/ carícias orvalhadas. 
Repare: estrangeira deste tempo/ vinda de preparos para amar/ Pulei.
Pula poeta! Pula, mergulha, espalha os sabores de vidas vividas, o caminhar das incompletudes, lança o cheiro das saudades.
A sua poesia Erva de São Lourenço, você carne de Maria, Foz. 
Nasceste mulher, poeta a colher versos na saia cor de telha.
Cruviana é festa alegria luto. Este poema já diz para o que veio! Tem cheiro de Clássico!
Cruviana é chuva miúda em um rio caudaloso, é vento intenso no quintal das goiabeiras. Seca as tintas, molha as vistas, trança.
A Cruviana é Deusa do vento e da neblina, de noitinha gosta de ser nevoeiro, ser brisa que seduz forasteiros, apaixonados e sob encanto, não querem mais ir embora.
As lembranças não sepultam a morte, querem mais reviver seus pais e familiares, recordar cidades, revisitar sensações, reviver aromas, cantar sentimentalidades. Eles continuam vivos no coração da poeta e nas páginas, também podemos senti-los, vivendo no poema. 
Da infância chuvosa, salpicam gotas de garoa, escorrem no papel, secam por vela acesa. A chama baila sobre a poesia madura, escrita por uma artesã que esculpiu no tempo.
O balão voou poeta, você roda, pulsa e bamboleia intensa. 
Repare: afeita à sedução, mel quente/as pétalas pulsando/Pulei.
O Xexéu canta. 
Ave verso!
Cruviana é festa alegria luto.