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sobre um mar de sombras


leitura de CANTOS TEMPORAIS

Texto de Ferreira Lima


O um poeta é um mar; a poesia, suas sombras, nuvens peregrinas sobre as ondas; seus arquétipos, suas memórias e seu devir.


Diz certeiramente FábioSantiago, o poeta de Mar de Sombras: "Oser poeta é um bicho estranho / Que resiste e desiste na mesma frase".


É esse bicho que "Saliva o Voyeur das palavras" ..."Plantador de favas". Bicho estranho o poeta: anda como uma mancha pela casa, procurando versos, pensando que a poesia está por perto...

Já a "Poesia / A arte de perder-se por aí"..."Tatuagem pouco abaixodo jeans saint tropez"

Caçar Poesia,diz Fábio, em verso lindo:é "Embrenhar-se em matagal de vocábulos"

"poemas ventam, / não se iludam” e sopram sombras sobre os ombros do poeta; tatuagens de uma vida, de muitas vidas; muitas marcasque não vão embora com o tempo.


Em Mar de Sombras, seu primeiro livro, finalmente editado em livro físico, o poeta Fábio Santiago já achou o caminho da beleza poética: tudo é belo em sua escrivaninha —, olhem que versos que ele traz escorreito:

"Que a minha poesia se esparrame estrada abaixo, rumo a serra, no corpo da moça, no umbigo da bela, num filme Super 8,

na lua que embranquece a noite e anuncia o fim do dia..."


Olhem como funciona seu processo de criação:


"Derrame menos sobre o papel,
Gauche" ... "Emagrecer a linha / Secar a frase Mordiscar os seios da amada"

Em Mar de Sombras, Fábio Santiago é o poeta feito que sempre será: glamouroso dono das palavras: canta a musa e seus fetiches; sua própria biografia e seus gnomos. Canta seu pai e sua mãe; os poetas sagrados e os anônimos; os fantasmas que acolhe e os ídolos que cria, à beira do caminho.


Mar de Sombras, poesia para ser lida e amada.

Há versos bonitos demais; vejam esse último aqui:


"Caminhe pela cidade
Pode haver verso nas ruas
Embaixo dos tapetes"

Salve Santiago!

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